Brasil analisa resposta a tarifas dos EUA, mas ordem de Lula é primeiro negociar

No domingo, Trump disse a jornalistas que pretende impor uma tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio para os EUA, o que impactaria diretamente os produtores brasileiros

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2/10/2025

O governo do Brasil avalia possíveis ações em resposta às ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas adicionais sobre produtos brasileiros. No entanto, ainda não há uma decisão definida, e a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é priorizar o diálogo, conforme relataram duas fontes familiarizadas com o assunto.

No domingo, Trump afirmou a jornalistas que pretende estabelecer uma taxa de 25% sobre a importação de aço e alumínio para os EUA, medida que afetaria diretamente os fabricantes brasileiros, já que o Brasil é o segundo maior fornecedor desse mercado, ficando atrás apenas do Canadá.

"A diplomacia brasileira sempre prioriza a negociação, e essa abordagem está alinhada com o que o presidente (Lula) defende. A reciprocidade mencionada por ele aconteceria apenas caso nenhuma alternativa desse resultado", declarou uma fonte do Palácio do Planalto à Reuters, referindo-se à fala de Lula sobre uma possível retaliação do Brasil caso os EUA sigam com a taxação.

Uma segunda fonte do governo brasileiro, ligada à diplomacia, destacou que não há motivo para o Brasil anunciar medidas antes de saber exatamente quais ações serão tomadas pelos Estados Unidos, nem quando isso ocorrerá. A fonte mencionou um pronunciamento do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, feito na semana passada, no qual afirmou: “Não cederemos à ansiedade do ritmo vertiginoso da mídia em tempo real e das redes sociais. Tampouco nos deixaremos levar pelo imediatismo na resposta aos desafios que se apresentem. Continuaremos a nos orientar por um estilo diplomático sereno, sóbrio e pragmático”.

Ainda assim, a opção pela negociação não significa que o governo brasileiro não esteja considerando alternativas. Segundo as fontes, diferentes ministérios estão avaliando possíveis medidas tarifárias que poderiam ser implementadas pelo Brasil, buscando minimizar os impactos internos.

No entanto, nenhuma decisão foi tomada até o momento, e nenhuma proposta concreta foi levada ao presidente, segundo uma das fontes. A estratégia é aguardar os próximos passos de Washington, já que, até agora, a Casa Branca não oficializou as tarifas sobre aço e alumínio.

"Se houver uma decisão concreta, o presidente deve se reunir com os ministros na terça-feira ou posteriormente", afirmou uma fonte.

O encontro contaria com a participação de Fernando Haddad, da Fazenda, Geraldo Alckmin, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e o chanceler Mauro Vieira. Em uma entrevista na tarde desta segunda-feira, Alckmin reiterou a posição oficial do governo: “A última vez que isso foi feito, teve cotas. Vamos esperar. Nossa posição é sempre uma de cooperação e parceria em benefício das nossas populações”.

A referência de Alckmin remete a 2018, durante o primeiro governo Trump, quando o republicano impôs uma tarifa de 25% sobre o aço brasileiro. Na ocasião, os dois países negociaram uma cota anual de exportações isenta da sobretaxa.

Você sabia? O Brasil é um dos maiores exportadores de aço semiacabado para os EUA, e uma medida como essa poderia impactar não apenas siderúrgicas, mas toda a cadeia industrial brasileira!

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