Para onde vão os preços se houver um Lula 4?

Atualmente, aqui no Brasil, temos algumas conclusões para retirar dos números que piscam em nossas telas

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2/8/2025

Os preços de mercado contêm informações valiosas. Embora nem sempre isso seja totalmente verdadeiro, especialmente em períodos de grande volatilidade, em grande medida, essa lógica é aplicável. Atualmente, no Brasil, temos algumas conclusões que podemos extrair dos números que aparecem nas telas.

A bolsa, por exemplo, "precifica" algo em torno de 85% de chance de uma reeleição do presidente Lula, o que também é refletido na análise dos títulos públicos. Isso, de certa forma, destaca o ambiente único e peculiar que estamos vivenciando.

Caso tenhamos um “Lula 4”, podemos imaginar que teremos mais 6 anos (metade desse período já nessa conta) de gestão – com poucos sinais de foco na agenda fiscal e uma certa falta de credibilidade.

Devemos continuar em uma trajetória de deterioração, como apontado por todos os gestores que deram entrevistas recentemente. Isso poderia representar o possível "ponto baixo" do Brasil – em termos simples (sem recorrer aos jargões do mercado), o momento em que os ativos locais alcançam seu nível mais profundo de desvalorização.

Seria um período difícil para o mercado. Com juros ainda mais elevados, com a indústria de gestão de recursos encolhendo ainda mais, veríamos mais consolidação e muitas gestoras fechando as portas. O número de recuperações judiciais aumentaria, e os gestores que sobrevivessem provavelmente internacionalizariam seus recursos.

Por outro lado, se houver uma mudança no ciclo político, poderíamos ter uma descompressão relevante do prêmio de risco. Isso abriria espaço para uma valorização significativa da bolsa e até dos papéis do Tesouro Nacional – um verdadeiro “bull market”. Ou, como eu gosto de dizer, "porrada maluca".

Ambos os cenários são bem incertos no momento. Talvez o que possamos ter com mais clareza é que a chance de reeleição não está perto de 80%. Acredito que deve estar em torno de 50%, em grandes números. Ou seja, com esse ajuste, já deveríamos ver uma reprecificação dos ativos locais.

Enquanto isso, chegam informações fresquinhas das mesas institucionais, apontando que os gestores de ações começaram, marginalmente, a rotacionar suas carteiras, trocando parte das posições mais defensivas por algumas teses mais arriscadas na bolsa. Essa é uma boa síntese do que passa pela minha cabeça.

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